19 março 2010

A solidão, de Fernando Pessoa


Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.

2 comentários:

Socrates daSilva disse...

Um belíssimo poema que fala de um certo desconsolo. Por vezes fico a pensar como é que o Pessoa sabia definir tão bem naquilo que se por vezes se sente...
Bom fim de semana!

Fernando disse...

Ele tem poemas que se adaptam perfeitamente aos "estados de espírito".
Bom fim semana também para ti e todos e todas os/as visitantes do Percursos.