Aqui fica a minha intervenção:
A autora do
conjunto de sete contos que compõe esta obra, que assume serem «[...] baseados
em vivências, factos e acontecimentos reais [...]» (p. 17), refere-se-lhes
dizendo tratar-se de «Simples memórias, retalhos da vida, individual e
colectiva, de um povo em luta, que nesta obra são contadas com o modesto
propósito de dar a conhecer alguns aspectos do seu passado heróico e,
sobretudo, para que nunca se conte, em cante trágico, que, anulada a memória
colectiva, o Povo esqueceu a sua história, perdeu a liberdade e soçobrou
enquanto Nação soberana.» (p. 20).
Ora, alguns dos
aspectos do passado deste povo retratados na obra passam pelas dificuldades que
enfrentaram na luta pelos seus direitos em sentido lato, incluindo,
naturalmente, os direitos laborais e sindicais.
Este trabalho de
memória, este trabalho de divulgação desse passado, desse difícil percurso que
importa ter hoje muito bem presente, tem sido também uma preocupação da CGTP-IN
nos últimos anos, através do departamento de Cultura e Tempos Livres e do
Centro de Arquivo e Documentação.
Um trabalho que
se tem manifestado através do esforço de preservação, organização e valorização
do património documental desta Central sindical e, portanto, de um património
que é testemunho vivo de lutas e vitórias dos trabalhadores portugueses, mas
também por intermédio das várias edições que temos vindo a editar com vista a
divulgar um longo percurso de luta que em Portugal remonta, de forma mais
organizada, a meados do século XIX.
Aproveito,
aliás, a este propósito, para vos anunciar que no próximo mês de Janeiro
apresentaremos, em Torres Novas, o livro Perfeito de Carvalho: um
sindicalista da Primeira República (1908-1922), precisamente no mês em que
o seu autor, o primeiro coordenador da Intersindical, Francisco Canais Rocha,
completaria 86 anos.
A juntar a esta
comunhão de objectivos, justifica-se a apresentação desta obra da Maria José
Maurício nesta casa pelo facto de a autora ter estado ligada, durante largos
anos, ao movimento sindical, tendo, inclusive, dado um importante contributo na
edição da nossa última publicação: CGTP-IN: 43 anos a construir a igualdade
entre mulheres e homens (1970-2013).
Votos de boas
leituras!
Lisboa, 29 de Outubro de 2015