18 abril 2010

É tão bom estar em Marvão...


Não sou como aqueles habitantes do Concelho de Marvão que foram obrigados ao longo das últimas décadas a sair do Concelho por não haver trabalho. Obrigados a procurar o sustento noutras zonas de Portugal.

Para todos e todas a minha solidariedade. Mas também a certeza, que pertenço àqueles que desejam e pretendem criar condições para o regresso dos filhos de Marvão, a esta terra, a este Concelho tão lindo e promissor, através da insatisfação permanente pelos níveis de desenvolvimento a que sucessivas gestões autárquicas nos tem condenado.

Queremos mais. Muito mais. Porque assim não chegamos lá. Não alcançaremos a prosperidade que permitirá o regresso dos que tem partido.

O meu local de trabalho continua a ser na Pousada de Santa Maria, em Marvão, que pertence actualmente ao Grupo Pestana Pousadas.

Sou daqueles que um dia alguém descobriu. Achou que dava um bom sindicalista. E aceitou o desafio para assumir responsabilidades no Movimento Sindical.

Regresso sempre que posso a casa. E não há melhor...

Marvão é o paraíso para aqueles e aquelas que durante a semana passam o tempo a ouvir o trânsito, as sirenes da polícia e ambulâncias. O chiar das travagens de carros, as apitadelas e confusões do trânsito. Enfim! Coisas da vida citadina que em muitos dias nos baralham a cabeça.

Como dizia um amigo meu hoje, a respeito da Vila de Marvão: "Marvão é a terra onde só se ouvem os pássaros e o toque do relógio da torre". É esta sem dúvida a síntese perfeita daquilo que ouvimos na Vila.

E hoje que chove ouvimos a chuva a bater. Tenho a certeza que nem vento nem gente. É mesmo chuva. E ninguém chama por mim, nem mesmo o Augusto Gil com o seu poema "Balada da" Neve:

"Batem leve, levemente,
Como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
E a chuva não bate assim."

Enfim, Marvão é mesmo o paraíso de um mundo em convulsão, em transformação. Aqui podemos esperar pelo "outro mundo é possível" sem saber bem o que nos espera...

Marvão que estás tão mal entregue. E ninguém quer ver... Mas como diria alguém, alguns de nós andamos mesmo por aí...
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