03 fevereiro 2010

Eu quero ter um novo Presidente - Manuel Alegre...


Estive ao seu lado na candidatura a Secretário-Geral do Partido Socialista em 2004.

Em 2005 candidatou-se à Presidência da República, como independente e apoiado por cidadãos, tendo obtido mais de 1 milhão de votos nas eleições presidenciais de 22 de Janeiro de 2006, ficando em segundo lugar e derrotando o candidato oficial apoiado pelo PS.

Na altura fiz parte, com o empenho que me foi possível, da Comissão Política Nacional e da Comissão de Honra da candidatura de Manuel Alegre a Presidente da República.

Nas próximas eleições estarei novamente a apoiar Manuel Alegre.


Aproveito para deixar um texto de Sebastiá Bennasar publicado Diário das Baleares:



Crónicas Portuguesas
Por um presidente poeta

Por Sebastiá Bennasar/Diari de Balears, 20.01.2010

Talvez Alegre, com as suas ideias e a sua capacidade de imaginar um Portugal melhor, seja capaz de aglutinar à sua volta os votos das esquerdas. Veremos se o Partido Socialista o apoia. Se o não fizer, corre o risco de voltar a deixar a Presidência da República nas mãos do candidato das direitas. A bola está na mão dos socialistas, mas a mim agrada-me pensar que Portugal pode ter um presidente poeta.

Saíram os resultados das sondagens sobre leitura nas Ilhas Baleares e são francamente deploráveis. Diz o companheiro da secção de cultura que falta agora ver a extensão do desastre, quando forem publicados os índices de leitura em catalão. A situação é mais do que preocupante, porque a falta de ideias, a falta de lucidez e a incultura conduzem, de maneira clara e desesperante, a uma população medíocre, conformista e virada para o consumismo, em favor de interesses que estão na origem desta crise, de que começa a haver alguns sinais de recuperação na Europa.

Assim não há maneira de se questionar nada, de se iludir com nada. Porque os leitores não desenvolvem a capacidade de imaginação, não são capazes de acreditar na possibilidade de um país melhor, diferente. Basta-lhes viver na realidade imediata, neste presente desencorajador, à espera da próxima adaptação televisiva ou cinematográfica do próximo livro, que certamente não verão. Antes ver a enésima repetição do Big Brother do que um Shakespeare, nem que seja em versão filmada. Não é que os neurónios se revolucionem e pensem por sua conta (entre nós, tão pouco haveria possibilidade de tais coisas ver, porque passam na TV a horas infames, horas de pintor boémio e não pintor de paredes, às oito no andaime e boa sorte).

Desconheço as sondagens sobre leitura em Portugal e desconheço até se de facto existem. O meu inquérito pessoal demonstra que, pelo menos no metro, se lê menos que em Barcelona, o que pode significar simplesmente que o metro de Lisboa funciona de maneira excelente e que os trajectos não são maiores, ou que os portugueses têm hábitos de leitura mais saudáveis do que as pessoas de Barcelona e quando lêem o fazem cuidadosamente e não entre estação e estação – por exemplo: um trajecto Vallcarca - Zona Universitária dá para trinta boas páginas, está tudo dito!

Mas o que é motivo de encorajamento é que a primeira pessoa que deu passos para ser o novo presidente da República em 2011 foi o poeta Manuel Alegre. Alegre já tinha feito o mesmo em 2006 e com o seu movimento de cidadãos conseguiu mais de um milhão de votos e sobretudo derrotou nas urnas o candidato socialista da altura: um Mário Soares que continua a ter uma grande presença nos media mas para quem passou a hora de voltar a presidir à República que justamente este ano comemora o seu centenário. (...) Alegre fez a sua proclamação na última sexta-feira em Portimão, e desde então a política portuguesa tem de incluir um novo factor em jogo.

O que não pode ser negado a Manuel Alegre é a capacidade imaginativa e de fabulação, retórica e ilusão. Porventura é isso que falta a Portugal neste momento. O criador, entre outras, da história terna de Kurica, Um cão como nós, o único livro seu que pode ser lido em catalão, tem uma história pessoal ligada à esquerda e à luta contra o salazarismo, mas também em favor da democracia participativa.

Depois dos anos do cavaquismo, onde só se falava de economia e de subsídios europeus, a democracia em Portugal parece reduzir-se às habituais arruadas quando se trata de ir a votos. E chega. O governo de Sócrates destes últimos anos foi o governo de esquerda mais à direita e nada fez para que as pessoas se sintam orgulhosas de pertencer a uma democracia. Talvez Alegre, com as suas ideias e a sua capacidade de imaginar um Portugal melhor, seja capaz de aglutinar à sua volta os votos das esquerdas. Veremos se o Partido Socialista o apoia. Se o não fizer, corre o risco de voltar a deixar a Presidência da República nas mãos do candidato das direitas. A bola está na mão dos socialistas, mas a mim agrada-me pensar que Portugal pode ter um presidente poeta. Porventura ando a ler demais.

1 comentário:

João Roque disse...

E eu também o apoiarei, qualquer que seja a posição do PS.