Em reunião do Conselho de Administração do
Instituto de Emprego e Formação Profissional da qual faço parte em
representação da CGTP-IN, em que está a ser apresentada a informação mensal do
mercado de emprego onde se constata que o desemprego registado voltou a
aumentar em Novembro (mais 19,6% face ao mês homólogo), atingido os 697.789
inscritos nos centros de emprego, número muito abaixo do real.
Recordam-se os últimos dados do INE relativos
ao 3º trimestre do ano, em que a taxa de desemprego oficial atingiu os 15,8%
(870,9 mil trabalhadores desempregados). Mas o desemprego real é já de 1 milhão
391 mil pessoas (juntando os inactivos disponíveis e indisponíveis, e o
subemprego dos trabalhadores a tempo parcial) e a taxa de desemprego
correspondente de 24%, sendo de 52,4% entre os jovens até aos 25 anos.
Portugal é um dos países europeus em que a
quebra do emprego é mais elevada. De acordo com os dados do Eurostat
(distribuídos para esta reunião), no 3º trimestre Portugal foi o segundo país
em que o emprego desceu mais (-4,1% em termos homólogos), juntamente com a
Espanha e apenas superado pela Grécia (-8,9%).
Esta evolução está associada à falta de
crescimento económico. No 3º trimestre o PIB português caiu 3,4% em termos
homólogos e 0,8% face ao trimestre anterior, no seguimento do que vem
acontecendo desde há sete trimestres.
Relativamente ao desemprego de diplomados,
destaca-se:
1- Que tem havido um
aumento quer no número absoluto de desempregados com o ensino superior ao longo
dos anos – passou-se de menos de 25 mil desempregados registados no IEFP em
2002 para 89 mil em Novembro e o peso no total passou de 7% em 2002 para 13% em
Novembro de 2012.
2- Mas os dados do INE
apontam para números ainda mais elevados – cerca de 99 mil no 3º trimestre (e
ainda não apanha o período de colocação de professores, pelo que o número será
superior), correspondendo a uma taxa de desemprego de 12,5% que compara com a
taxa global de 15,8%. Embora mais baixa tem vindo em crescendo.
3- O desemprego
registado de diplomados tem aumentado mais do que o desemprego total (42% em
termos homólogos em Novembro face a 14% no geral). Foi o nível de habilitações
que mais aumentou. Em termos mensais houve uma diminuição Outubro e Novembro
mas é sazonal (acabou o período de colocações de professores).
4 -O problema agravou-se
em 2012,com o desemprego de diplomados a subir de 68 mil em Junho para 89 mil
em Novembro. Provavelmentegrande parte deste aumento deve-se ao desemprego
crescente dos professores (IEFP poderá confirmar), já que os docentes inscritos
nos centros de emprego eram 20.135 (dado de Outubro) e os desempregados
diplomados eram 90.709 (dado de Outubro).
5- Estes números ainda
seriam superiores se muitos jovens não emigrassem. Seria importante o IEFP
fornecer os dados das anulações de inscrição por motivo de emigração nos
últimos dois anos desagregado por habilitação e idade.
6- Os cursos com mais
desemprego por área de estudo[1][1]são os serviços sociais (9,9%),
Informação e jornalismo (9,4%), protecção do ambiente (7,9%), arquitectura e
construção (7,8%) e indústrias transformadoras (7,3%).
7- Portugal não tem
licenciados a mais. Está abaixo da medida da OCDE. As causas do aumento do
desemprego dos diplomados são em grande medida as mesmas que para o desemprego
em geral – falta de crescimento económico e de valorização do trabalho e das
qualificações. Pode haver desajustamento relativamente a cursos e áreas de
formação em concreto mas o problema é mais estrutural. Tem a ver com o modelo
de crescimento e com a desindustrialização do país.
Notícia
da Lusa (sobre desemprego de docentes):
De acordo
com dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de
docentes inscritos no mês de Outubro era de 20.135, contra 13.403 no período
homólogo de 2011 – o que representa uma subida de 50% num ano.
Já a Federação Nacional de Professores (FENPROF) estimava, no final de Novembro, em 33.200 o número de professores que se candidataram no ano lectivo de 2012/2013 a um contrato e até à data ainda não o tinham conseguido.
Os números recolhidos pela FENPROF apontam para uma redução do emprego para professores contratados a uma média de cerca de dez mil vagas por ano: em Novembro tinham conseguido um contrato cerca de 17 mil docentes, no período homólogo de 2011 havia já 27 mil professores contratados e em 2010 os contratados eram cerca de 35 mil.
[1] Percentagem de
desempregados registados em Junho de 2012 em relação ao total de diplomados por
curso (formados entre 1984 e 2012). Trata-se de uma aproximação à taxa de
desemprego por curso.
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